terça-feira, 30 de dezembro de 2014

A "PRAGA" DE QUEM NÃO JOGOU E O SAPO QUE NUNCA EXISTIU

O DOZE A ZERO DO VASCO SOBRE O ANDARAÍ DE ARUBINHA



   Passou ontem mais uma data natalícia da estrepitosa vitória vascaína sobre o humilde Andaraí, o clube de futebol da Fábrica de Tecidos Confiança(1), que não resistiu ao tempo e extinguiu-se em meados dos anos 50 do século XX.

   Todos conhecem a história advinda daquela partida, a praga rogada pelo folclórico Arubinha, conhecido como "pai de santo" e jogador típico das ligas suburbanas e dos pequenos clubes da divisão principal, como o Bonsucesso e o próprio Andaraí, que naquele ano de 1937 e início de 1938 tomou as maiores goleadas já sofridas em campeonatos oficiais.

   A "praga folclórica" foi romanceada pelo gênio de Mario Filho em uma de suas crônicas, onde estampou nas suas belas linhas a famosa dita do que teria sido rogado: "Se há um Deus no céu, o Vasco tem de passar doze anos sem ser campeão". (clique aqui para ler a crônica de Mario Filho no semprevasco.com)

   Tudo em virtude do score aplicado pelo brilhante scratch dos Camisa Negras naquela partida, ocorrida na noite de quarta-feira, 29 de dezembro de 1937(2).

   Vamos revisitar alguns acontecimentos daquela partida, e apresentar a origem da tal "praga" para que não permaneça distorcida na memória vascaína a verdade sobre os fatos redesenhados pelo mito a partir daquele episódio.


A IMPRENSA JÁ ESPERAVA A VITÓRIA MAIÚSCULA DO VASCO SOBRE O ANDARAÍ

   A expectativa acerca da vitória do Vasco não era inesperada. O Andaraí já vinha sendo derrotado fragorosamente por seus adversários, e o Vasco seria mais um a acachapar-lhe outra goleada. Tanto assim que uma pequena nota publicada no Jornal dos Sports já atestava o que viria a ser a maior goleada já aplicada pelo Vasco naquela certame:

"ANDARAHY E VASCO, NO STADIUM GUANABARA

O prelio mais fraco da rodada reunirá as equipes do Vasco no Stadium Guanabara.  Os vascainos surgem como franco favoritos e não devem ser mesmo ameaçados pelos andarahyenses, que continuam a cumprir performances fracas nesta temporada.  Todavia, espera-se uma luta interessante, porquanto os alvi-verdes, pisam o gramado dispostos a resistir bravamente, vendendo caro a derrota. Mas, nem assim a contagem será desfavorável ao gremio da Cruz de Malta..." (Jornal dos Sports - 29 de dezembro de 1937)(3)


O ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO QUE QUASE IMPEDIU A REALIZAÇÃO DA PARTIDA

A Noite

   O Vasco estava em festa, pois naquele dia o Conselho Deliberativo acabara de eleger por unanimidade o Professor Pedro Novaes como presidente do clube para o mandato seguinte, sucedendo Jorge Bhering(4), que alçara o Vasco à condição de campeão de futebol profissional de futebol de 1936 pela Federação Metropolitana de Desportos(5).

   Naquele tempo, as equipes de futebol ainda mantinham a prática de se deslocar para seus jogos através de automóveis particulares ou de táxis. E assim foi que a equipe vascaína fez, partiu em diversas comitivas para o estádio do Fluminense, na então Rua Guanabara, onde o Andaraí era o mandante.

A Noite

   Em uma da comitivas partiram Joel, Kuko, Oscarino, Rey, Mamede e o massagista Joaquim Francisco da Costa. O táxi dirigido por Horacio Benigno da Rocha, ia animado pelas conversas acerca da peleja. Ao chegar à altura da rua Francisco Eugênio, vindo pela rua Figueira de Melo, na curva que ali existia, foi colhido inesperadamente pelo caminhão da Limpeza Pública, dirigido pelo motorista Antonio Domingos Garrancho. Com o choque, o caminhão da municipalidade subiu a calçada e colidiu no prédio em frente e o táxi com os players vascaínos ficou prensado causando-lhes diversos ferimentos.

A Noite

   Imediatamente socorridos, os jogadores foram hospitalizados no Hospital do Pronto Socorro (atual Souza Aguiar), somente com pequenas escoriações, exceto por Oscarino que mais tarde foi transferido para o Hospital Evangélico, em razão da fratura que sofreu na 13.ª costela(6). Os motoristas nada sofreram.

A Noite


A ESCALAÇÃO DO VASCO - HOUVE OU NÃO ATRASO?

   O Vasco, que para aquela partida entrou em campo com: Joel, Zé Luiz e Italia - Poroto,  Zarzur e Calocero - Armandinho, Alfredo e Niginho - Feitiço e Luna, teria atrasado sua entrada em campo por motivo de força maior, em virtude de seus dois goleiros (Joel e Rey) estarem no auto acidentado. Com a chegada de Joel, que foi liberado, a partida finalmente se iniciou, sendo Oscarino substituído pelo back Poroto.  No entanto, nenhum jornal noticiou qualquer atraso da partida naquela noite chuvosa de 29 de dezembro. Ao contrário, o jornal "O Radical" assinala que ambas as equipes surgiram no gramado às 21:15h no gramado do estádio da rua Guanabara(7), no horário típico dos jogos noturnos daquele verão do fim de ano de 1937.


A VITÓRIA DO VASCO - NIGINHO, O ARTILHEIRO COM 4 GOLS ASSINALADOS!

   O Vasco, demonstrando a sua força, confirmou as expectativas e aplicou sua segunda maior goleada em campeonato carioca: 1.º gol - Luna; 2.º gol - Luna; 3.º gol - Niginho; 4.º gol - Feitiço; 5.º gol - Niginho; Joel defende um pênalti contra o Andaraí, batido por Leão; 6.º gol - Alfredo; 7.º gol - Alfredo; 8.º gol - Niginho; 9.º gol - Luna; 10.º gol - Niginho, de pênalti; 11.º gol - Niginho; e 12.º gol - Alfredo.

A Noite


A ESCALAÇÃO DO ANDARAÍ. CADÊ ARUBINHA

   Nessa partida lendária, em que o Vasco jogou em ritmo de treino forte, como destacaram alguns periódicos da época, o Andaraí atuou com a seguinte equipe: Hermes (depois Gaúcho, após o 4.º gol); Dondon (Gibi) e Esquerdinha; Barata, Bolinha e Cabinho; Nico, Astor, Hugo Bianco e Leão.

   Arubinha simplesmente não jogou aquela peleja!


A ORIGEM DA "PRAGA"! CADÊ O SAPO?

   A origem da "praga" é muito simples, surgiu a 18 de fevereiro de 1938 com a publicação de uma "nota jornalística" de aspecto galhofeiro, em que se conta a visita de Arubinha ao jornal O Radical, finamente trajado no mais elegante terno branco de verão, típico da malandragem carioca.

   Transcrevemos abaixo a  origem da "praga" piadista de Arubinha:

"O Vasco e a praga de Arubinha
FICARÁ DOZE ANNOS SEM SER CAMPEÃO - NOTAS

Lá vem o "seu" Aruba, pupilo do Graveto, "desguiando-se" dos pingos que molham a "Cidade Maravilhosa". Sobe as escadas de nossa redacção.  Depois de descansar um pouco, o ponta esquerda que já defendeu com brilho as cores do Bomsuccesso, Magno, Modesto e Andarahy começou a falar.

E, o player que ao lado de Nóca formou a famosa ala indigésta do Magno, referindo-se a uma noticia publicada por um collega nosso teve a seguinte phrase:

- É fantasia o meu reingresso no Magno. Estou firme nos "Leões de Quintino"

A PRAGA NO VASCO
A seguir, commenta-se a fraca performance do Vasco, nestas ultimas partidas.

Arubinha olha para o lado tres vezes, e pondera:

- É praga. O Vasco, sem dó nem piedade surrou-nos. Não joguei, mas fiz a minha reza. O Vasco ficará 12 annos sem ser campeão.  O Botafogo sabe quanto pesa um "trabalho", pois em 1910 "sapecou" o Mangueira de 24 X 0 e a praga pegou.

Mais algumas palavras e o nosso amigo Arubinha deixou a redacção."(3)


O Radical (18 de fevereiro de 1938)


CONCLUSÃO

   I) Os que torcem contra, excluíram o campeonato de 1936 para a contagem da "praga" que não pegou. O fazem a partir de 1934, para fazer valer uma inverídica diferença de 11 anos até o título invicto de Campeão de Terra e Mar de 1945, conquistado pelo Expresso da Vitória!;

   II) Arubinha não jogou pelo Andaraí naquele 12 a 0 imposto pelo Vasco!;

   III) Arubinha nunca enterrou sapo algum em São Januário, afirmou tão somente que fez a sua "reza", assim como todo Pai de Santo fazia;(8) e

   IV) A lenda contada na maravilhosa crônica de Mario Filho, é um belo e extraordinário conto com elementos folclóricos.

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(1) O complexo fabril ainda existe na rua Maxwell e pertence ao supermercado Extra Boulevard.
(2) Essa é a data correta da partida.
(3) Grafia original da época
(4) Jorge Bhering de Mattos foi eminente sportman, como nadador e jogador de water-polo. Empresário, era um dos donos do complexo fabril-familiar da Chocolates Bhering.
(5) Federação Metropolitana de Desportos, liga profissional da qual participavam Vasco e Botafogo nos primeiros anos do profissionalismo, restando América, Flamengo e Fluminense na amadora Liga Carioca de Futebol.
(6) Tudo conforme apurado nos jornais Correio da Manhã, A Noite, Jornal dos Sports, Gazeta de Notícias e O Radical de 30/12/1937.
(7) O estádio da rua Guanabara, atual rua Pinheiro Machado.
(8) Pai Santana, nosso eterno massagista e Pai de Santo, fazia por nós. Quem não se lembra dos ovos enterrados por Pai Santana no jogo contra o Cruzeiro no Mineirão (1974), como relembrado no blog A Costeleta (clique aqui para ler)

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

1927 - O NATAL DAS CRIANÇAS POBRES NO C. R. VASCO DA GAMA


No ano da inauguração de seu estádio, clube realizou festa de natal no gramado





   "Resultou verdadeiro acontecimento o primeiro Natal das crianças pobres promovido pelo C. R. Vasco da Gama, no estádio de S. Januario.

   O campo apresentava aspecto surpreendente, pois cerca de seis mil crianças ali se concentraram.

   A distribuição, que foi feita na melhor ordem, esteve a cargo das seguintes senhoras e senhoritas: Maria Luiza Bessa, Edith Bessa, Pinto Soares, Alfredo Ozorio, Iza Cortes, Marilda Pinto Alves, Celia Pinto da Silva, Marianna Pinto da Silva, Helena de Souza, Avelina Portella, Ophellia Pinto da Silva, Nery Stelling, Honorina Bessa, Rosa Stelling, Correa de Carvalho, Aurora Alonso, Arlindo Mello, Francisco Reis, Braga Monteiro, Palmyra Ramos, Clementina Rocha, Esmeralda de Oliveira e outras.

   A commissão de festa, tendo a frente o Sr. Jayme Souto Maior, auxiliado pelos Srs. Raul da Silva Campos, Ribeiro de Paiva, Annibal Peixoto, José da Silva Rocha, Alberto Portella, Manoel Fernandes, Nery Stelling e Raul Ferreira, também muito trabalhou para o bom desempenho da distribuição.

   Foi armada, no vão das archibancadas, uma grande arvore de Natal, com milhares de brinquedos.

  Houve tambem lutas de box, entre "garotos", sendo este o resultado:
  1.ª luta (gallos cégos) - Antonio Amorim x Joaquim Costa (ambos de 10 annos) - Combate em 3 rounds, que terminou num empate.
  2.ª luta (gallos cégos) - Panthena X Paulista, em 5 rounds - venceu Paulista por pontos.
  
  Emfim, um successo completo a festa do Vasco ás crianças pobres." (O Imparcial - terça-feira, 27 de dezembro de 1927)*

*Grafia da época - Como se pode verificar da foto do ringue, a citada luta de boxe entre crianças era orientada por palhaços, não passando tudo de uma grande brincadeira de entretenimento.

Fotos - Revista Careta

domingo, 7 de dezembro de 2014

O MAIS ANTIGO BRASÃO DO VASCO!


A Nau Vascaína já era retratada em 1899





   É de conhecimento de todos os vascaínos que o escudo da fundação do Club de Regatas Vasco da Gama é a Cruz da Ordem de Cristo (designada ordinariamente de Cruz de Malta), sendo até hoje ostentada no peito de cada atleta cruzmaltino.

   Segundo a tradição, o primeiro brasão contendo a nau seria reproduzido no início do século XX, a partir dos Quadros de Honra das primeiras conquistas do remo no início do século XX, evoluindo para o dístico que conhecemos hoje*.

A evolução dos escudos vascaínos no seculo XX

   No entanto, há outro mais antigo, utilizado a partir do segundo ano de fundação do clube, em que a nau vascaína já era representada. Este brasão primitivo está registrado documentalmente em um impresso oficial do clube, em exposição no salão de troféus, datado de 1.º de setembro de 1899, menos de dois meses após a primeira cisão do quadro social, provocada pela decisão da maioria dos sócios que preferiu transferir a sede do Vasco na Ilha das Moças, no Santo Cristo, para a Travessa do Maia, n.º 15, no Boqueirão do Passeio, gerando com isto a renúncia da maior parte da diretoria** que entendia ser melhor sediar o clube na praia de Botafogo, longe portanto da maior parte dos sócios atletas que moravam mais próximos do centro da cidade, na região portuária.

O impresso oficial contendo o primitivo brasão vascaíno

   A partir do registro iconográfico, foi possível o resgate da memória vascaína. Num livre exercício de recriação, apresentamos acima, no primeiro destaque, como seria o primeiro brasão do Vasco.

    O primitivo símbolo carrega em sua nau uma curiosa carranca cuja identificação não nos é possível hoje precisar. Parece-nos com a cabeça de uma ave que poderia ser o Falcão Peneireiro de Portugal ou uma Procelária***, cujo nome batizou a yole a 8 remos que conquistou o primeiro campeonato de remo para o Vasco em 1905. Fica a especulação.

O Falcão Penereiro - A carranca da nau do primitivo dístico vascaíno - A Procelária


* A evolução dos símbolos vascaínos como apresentados por Mauro Prais em seu site hospedado na Netvasco: http://www.netvasco.com.br/mauroprais/vasco/histor1.html
**  O presidente e diversos diretores do Vasco, além de renunciarem a seus cargos, retiraram-se do clube, levando consigo os barcos que a eles pertenciam e o primeiro uniforme do clube, levados para o novo clube que fundaram na enseada de Botafogo em julho de 1899, o Grupo de Regatas Guanabara, posteriormente redesignado clube de regatas, ainda hoje sediado no início da praia de Botafogo. 
*** Gênero de aves marinhas que, aparecendo sobre as ondas, são prenúncio de procela (sinônimo de tempestade, tormenta etc.)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O STAND DE TIRO DO CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA

O tiro foi o segundo esporte  praticado pelo clube




   Segundo esporte praticado pelo Vasco logo após a fundação do clube - O tiro representou os anseios de uma era em que o Brasil chegou a conquistar a sua primeira medalha de ouro nas Olimpíadas de Antuérpia em 1920.

   Aqui vemos a nata dos dirigentes vascaínos no famoso stand de tiros que se localizava atrás da Fábrica de Gelo de José Augusto Prestes, próximo ao atual cruzamento da av. Pres. Wilson com rua México.

    Vemos também os participantes da prova patrocinada pela revista Fon Fon, realizada durante a regata interna de 9 de abril de 1917, com identificação dos vascaínos que ajudaram a solidificar o Vasco nos seus primeiros anos e ainda implantaram o futebol no ano anterior:

   (1) O Stand de Tiro - (2) A medalha de ouro da prova patrocinada pela revista Fon Fon - (3) Fernando Vigaraso, 1.º colocado - (4) José Pereira Portugal, diretor do Tiro e 2;º colocado - (5) David Coelho, 3.º colocado - (6) Joaquim da Silva Beato, 4.º colocado - (7) Manoel Ramos, juiz de tiro - (8) Alcides Pinheiro Borges, um dos concorrentes - (9) O Grupo de atiradores reunidos.

   Clique na imagem para aumentar e verificar que alguns rifles possuíam a Cruz de Malta em sua coronha, colocados que foram pelos pioneiros defensores da memória vascaína.


Fotos: Brun (revista Fon Fon)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O GOL DO TÍTULO DO VASCO NO TORNEIO INÍCIO DE 1929

Festival preliminar foi realizado no Stadium Vasco da Gama




   Por muitos anos as ligas, associações e federações que antecederam a atual FFERJ promoviam festivais que abriam a temporada de futebol, preparatório aos campeonatos. Era o chamado Torneio Initium (Início), realizado em um único dia, em um mesmo campo, e com a participação de vários clubes.

   Os jogos corriam em dois tempos de 10 minutos cada; exceto a final com 30 minutos para cada tempo, em jogos eliminatórios cujo desempate se dava pelo maior número de escanteios quando houvesse igualdade de gols.

   Na foto vemos a final do Torneio Initium promovido no domingo, 31 de março de 1929 em São Januário, no exato momento do gol de Mario Mattos que deu a vitória ao Vasco contra o América por 1 a 0.

   O torneio contou com as equipes do Vasco, Bonsucesso, Andaraí, Botafogo, Flamengo, Fluminense, S. C. Brasil, Bangu, América e São Cristóvão.

   O Vasco jogou a final com Jaguaré, Hespanhol e Italia; Brilhante, Tinoco e Molla; Paschoal, Fausto, Russinho, Mario Mattos e Sant'Anna, substituto de Bahianinho, titular nas partidas anteriores.

   No detalhe podemos registrar para a memória vascaína a já existência da famosa quadra de basquete junto a curva, e que substituiu a primitiva quadra de tênis inaugurada antes mesmo do próprio Stadium Vasco da Gama.

Foto: Careta. Edição, texto, retoque digital: Memória Vascaína

domingo, 23 de novembro de 2014

O ESCOTISMO NO VASCO


Embrião do Departamento Infanto Juvenil foi criado em 1926



Festa de escoteiros em homenagem a São Jorge, comemorando o 6.º aniversário
 da fundação dos escoteiros vascaínos

   Há quem diga que o primitivo grito de "CASACA!" proveio desse grupo juvenil, imediatamente aproveitado e evoluído pela Turma da Praia, antigo grupo político dos remadores da garagem de Santa Luzia.

   Aqui temos os jovens escoteiros vascaínos em homenagem a São Jorge, comemorando o seu 6.º aniversário de fundação no dia 23 de abril de 1932, realizado no mezanino da histórica sede social da rua Santa Luzia.



   Na sala da presidência vemos os troféus do remo, além dos retratos do Comendador Almeida Pinho (presidente), Vasco da Gama (nosso patrono) e Antonio Silva Campos (vice-presidente e irmão de Raul Campos).



    As fotos, como não podiam deixar de ser, registraram o evento para a memória vascaína!

*Foto: Careta - Edição e texto: Memória Vascaína

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O CAMPEÃO CARIOCA INVICTO DE TERRA E MAR DE 1945


NO PRIMEIRO CAMPEONATO CARIOCA DO EXPRESSO DA VITÓRIA, O VASCO TAMBÉM FOI CAMPEÃO NO REMO!



A equipe base do  do Club de Regatas Vasco da Gama que levantou o primeiro de muitos títulos de campeão de futebol do Distrito Federal pela Federação Metropolitana de Futebol


O Jogo das Faixas se transforma na famosa Batalha dos Tijolos!

   A conquista se deu por antecipação a 11/11/1945, após a vitória do Vasco por 4 a 0 contra o Madureira e o empate do Botafogo contra o São Cristóvão em 0 a 0.




   Restava ainda o "jogo das faixas" a que o presidente Cyro Aranha se referiu quando da conquista antecipada: "O Almirante só poderá jogar no estádio da Gávea se entrar na faixa", contra o Flamengo. E assim o foi, convertendo-se a partida na famosa "Batalha dos Tijolos".




   O jogo fora iniciado a 18/11/1945, domingo. Naquela manhã o Vasco já havia se sagrado Campeão de Remo do Rio de Janeiro. A equipe ia sendo vencida por 2 a 0 quando o EXPRESSO DA VITÓRIA reagiu, empatando a peleja.



   Certos da virada vascaína, os "contrários" tramaram melar a vitória que se vislumbrava, tal era a força do Vasco contra o time da Gávea.


   A oportunidade surgiu com a expulsão de Biguá, do clube da Gávea, por um ato anti-desportivo, desencadeando a confusão que envolveu todos os jogadores em campo e a invasão generalizada de dirigentes e torcedores do time da casa, dando início a uma verdadeira batalha de tijolos. Os torcedores do Vasco, diante da evidente trama, entraram em conflito e ambas as torcidas desmontaram o muro que municiou os petardos lançados de lado a lado.

   A partida foi suspensa faltando 19 minutos para o seu término, só se reiniciando dois dias depois no estádio da rua Álvaro Chaves, mantendo-se o resultado e a invencibilidade vascaína no campeonato.

   Estão postados na foto de 18/11/1945 os seguintes campeões devidamente enfaixados: Mario Americo (massagista), Chico, Ademir (Queixada) de Menezes, Ely do Amparo, Isaías, Beracochea, Augusto, Rafanelli, Dino, Santo Cristo, Jair Rosa Pinto e Rodrigues. Técnico: Ondino Vieira (fora da foto).


*Foto: Jayme de Carvalho - Acervo: AlmanakdoVasco - Imagem digital gentilmente cedida por AlmanakdoVasco - Edição, texto, retoque e arte sobre imagem digital: Memória Vascaína
**foto-jornais: Globo Sportivo, Diário da Manhã e Esporte Ilustrado

domingo, 19 de outubro de 2014

A ARTENA DO C. R. VASCO DA GAMA

Guarnição vascaína conquistou a medalha de prata pela vitória em 1910!






   Em 14 de agosto de 1910, a guarnição junior da canoa a 4 remos "ARTENA" do Club de Regatas Vasco da Gama, conquistou a maior premiação concedida naquela competição, a medalha de prata, sendo vencedora em 1.º lugar do 5.º páreo: os 1 mil metros "Federação dos Clubs de Regatas da Bahia", organizado pela Federação Brasileira das Sociedades de Remo na Regata do Campeonato realizada na Enseada de Botafogo.

   A guarnição era composta por: Ernesto Flores Filho (patrão); Antonio A. Ferreira (voga); João Rodrigues L. de Barros (sota-voga); Manoel de Azevedo (sota-proa); e Avelino Coelho da Silva (proa), vencedora em 1.º lugar do 5.º páreo, os 1 mil metros "Federação dos Clubs de Regatas da Bahia" organizado pela Federação Brasileira das Sociedades de Remo na Regata do Campeonato realizada na Enseada de Botafogo.


* Foto: Careta / Texto, edição e arte: Memória Vascaína

sábado, 18 de outubro de 2014

O SCRATCH VASCAÍNO EM 1935

A equipe do Vasco que serviu de base para a conquista do quinto campeonato entre 1923 e 1936!





   A equipe Club de Regatas Vasco da Gama de 1935 foi vice-campeã daquele ano e serviu de base para a aquela que levantou o seu segundo título de campeão de futebol profissional do Distrito Federal (1934 e 1936), organizado pela Federação Metropolitana de Desportos!

   Foi o quinto título desde o assombro causado pelos camisas negras em 1923.

   A vitória no campeonato de 1936 foi conquistada no antigo Campo do Andarahy, na rua Barão de São Francisco, após uma melhor de três partidas contra o Madureira Athletico Club, com uma vitória para este no primeiro jogo (0 X 1) e duas vitórias seguidas para o Vasco (2 X 1), a última a 14/03/1937, ambas com espetacular participação de Feitiço que passou a integrar o elenco ao final do campeonato, vindo a assinalar os gols decisivos.

   Na foto temos os seguintes jogadores: Oswaldo, Itália, Rey, Brun, Barata, Calocero; Orlando Rosa Pinto (tio de Jair Rosa Pinto), Tião, Kuko, Luiz Carvalho, Nena e Luna.

   Em destaque na foto, Feitiço. Também destacaram-se no certame: Oscarino, Poroto, Panello dentre outros. Técnico Harry Welfare.

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*Acervo, edição, restauração, retoque e arte sobre imagem digital: Memória Vascaína.
**Nosso agradecimento ao "mestre" Mauro Prais que gentilmente elucidou nossa dúvida quanto a presença de Brun (que em março de 1936 se transferira para o Botafogo) e Barata na equipe.
***Para conhecer o trabalho pioneiro de Mauro Prais sobre a história do Vasco na internet, acesse: http://www.netvasco.com.br/mauroprais/vasco/index.html

O CAMPEÃO CARIOCA DE 1929


Na era de ouro do futebol amador, o Vasco já havia se tornado um gigante conquistando seu primeiro título após construir seu Stadium!

 





   A equipe base do Club de Regatas Vasco da Gama, que levantou o título de campeão de futebol do Distrito Federal organizado pela AMEA!

    A vitória foi conquistada no stadium da rua Guanabara (atual rua Pinheiro Machado) em uma melhor de três contra o America Foot-Ball Club, após dois empates (0 X 0 e 1 X 1) e uma espetacular vitória de 5 a 0 no terceiro e último jogo realizado no dia 24/11/1929.

   Na foto temos os seguintes campeões:  Mario Mattos, Carlos Paes (84), Nesi, Jaguaré, Itália, Molla, Bahianinho; Tinoco, Brilhante e Moacyr, popularmente conhecido como Russinho.

   Fora da formação, atrás de Itália: Paschoal.  Integrava também o elenco vascaíno: Fausto, o Maravilha Negra, o maior center-half do país naquele tempo!

   Foto digital gentilmente cedida por Paulo Fernandes - Edição, restauração, retoque e arte sobre imagem digital: Memória Vascaína. Acervo de Fabrício Lobo, sobrinho-neto do zagueiro Itália

sábado, 11 de outubro de 2014

O CAMPEÃO CARIOCA DE 1970

Especial da Revista n.º 1 - Grandes Clubes Brasileiros: VASCO



  Ontem, antes do jogo vencido pelo Vasco contra o Boa, estivemos em São Januário, onde encontramos e conversamos animadamente com nosso amigo Valfrido, o herói que marcou o último gol do Vasco, confirmando o título antecipado de Campeão de 70.

    Em homenagem a Valfrido, publicamos a imagem e as informações daquela equipe, já registradas na memória vascaína.


   A equipe do Club de Regatas Vasco da Gama que levantou o título de campeão de futebol do Estado da Guanabara!
   A vitória conquistada no penúltimo jogo - Vasco 2  - Botafogo 1 - com o heróico Valfrido  marcando o segundo gol  na noite de 17/09/1970, confirmou o campeonato antecipado.
   Na  foto, registrada no jogo do "Bota-Faixa" contra o Fluminense em 20/09/1970, estão postados os seguintes campeões, em pé: Andrada, Alcir Portela, René, Moacir, Eberval, Fidélis e Tim (técnico); agachados: Pai Santana (massagista), Luis Carlos, Ferreira, Bougleux, Silva, Valfrido e Gilson Nunes.

   Foto: Rio Gráfica Editora - Edição, scaner, retoque e arte sobre recorte: Memória Vascaína Acervo: José Luiz Mano - Grande Benemérito do C. R. Vasco da Gama

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

TIJUCANO SIM SENHOR - O CAMPO DA RUA BARÃO DE ITAPAGIPE

Em 1920, o Vasco teve seu primeiro campo de futebol na rua Barão de Itapagipe, n.º 119




   No inicio do ano de 1920, o Vasco da Gama alugou o campo que fora do Atlas F. C., sendo proprietária a Baronesa de Mesquita. Situado no então n.º 119 da rua Barão de Itapagipe, no terreno hoje se ergue o Hospital da Aeronáutica.

   No início de março de 1922 o Vasco comunicava à Liga Metropolitana o local de seu novo campo à rua Morais e Silva, também situado no bairro da Tijuca, de onde saímos em 1927 para São Januário.

   O vestiário do campo da Barão de Itapagipe era "confortável", pois possuía um chuveiro de água "quente" pelo processo mais simples, a caixa d'água, mandada construir pelo Vasco, ficava exposta ao sol.  Quando não havia sol, o banho era com água fria.

   A fotografia que aqui vemos para a memória vascaína foi tirada ainda no ano de 1921, depois de uma "pelada" entre os associados, de onde o Vasco iniciou sua ascensão vertiginosa para se tornar um Gigante no Futebol!


Vascainidades:

OS TEAMS DO VASCO DA GAMA PREJUDICADOS POR UM "CANDONBLÉ"

  Na praça de sports do Vasco da Gama, sita á rua Barão Itapagipe, existe um predio cujo quintal dá fundos para o campo do club,

  Acontece que, apesar da rede, a esphera, quando impulsionada por possante kick, vai visitar o quintal desse predio, que tem a sua frente na rua Barão de Sertorio, sendo habitado por um cavalheiro que realiza nelle diverssas sessões espiritas.

  Quando isso acontece, esse senhor desespera-se e, apodera-se da pelota, só a entregando mediante a restituição de 2$ (dois mil réis), e quando não é satisfeita essa exigencia, adeus bola!

  Parece que o grande "medium" considera o balão algum freguez que vai de vidita ao "candomblé", para chamar os "caboclos" tendo, por isso, de correr com os dois da saida, porque a entrada é gratuita.

  No distrito local, para onde já appellou a commissão de sports do Vasco, nada conseguiu, sendo de esperar que a directoria vascaina se entenda com as nossas altas autoridades policiaes, para, assim, resolverem o caso, e não se verem privados os sportsmen do clube de Santa Luzia, dos seus treinos e do preparo da sua principal esquadra.

O Paiz - quarta-feira, 7 de abril de 1920
*grafia original

quinta-feira, 8 de maio de 2014

A MEDALHA DE CANDIDO JOSÉ DE ARAUJO

Presidente de 1904 ganhou medalha por angariar maior número de sócios em 1903


     Candinho, primeiro presidente negro do Vasco, foi agraciado com uma medalha por haver proposto e angariado o maior número de novos sócios em 1903.



    Em agosto de 1904 foi eleito presidente do clube e preparou o caminho para a conquista do primeiro campeonato de remo em 1905, conforme noticiado pela imprensa à época



   A medalha foi conferida no pic-nic de confraternização realizado pelo Vasco na ilha de Paquetá, a 3 de abril de 1904.
"Jornal do Brasil - Segunda-Feira, 4 de abril de 1904
CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA
Pic-nic em Paquetá - Distribuição de medalhas - Programa da festa.

...
Coube egualmente uma medalha de prata ao sr. Candido José de Araújo, por ter proposto maior número de sócios em 1903. ..."


   No detalhe da fotografia, Candido enverga no peito a merecida medalha que simuladamente corresponderia ao conjunto abaixo:



segunda-feira, 21 de abril de 2014

O ANIVERSÁRIO DE INAUGURAÇÃO DO MONUMENTAL!

 

Assim se fez o Stadium Vasco da Gama


   Hoje o majestoso estádio de São Januário completa 87 anos. Originalmente chamado de Stadium Vasco da Gama, seu terreno localizado na antiga "Chacrinha do Imperador" foi adquirido em 1925, e o financiamento para a sua construção se deu através da magnifica campanha financeira realizada entre os sócios do clube, com o lançamento de debêntures lançadas ao mercado para pagamento futuro.

   A motivação para a construção da maior praça esportiva da América Latina surgiu como reação à intolerância e ao preconceito dos cô-irmãos fundadores da AMEA (1924): Fluminense, Botafogo, Flamengo, América e pasmem, inclusive do Bangú.

   O sucesso da empreitada repercutiu sensacionalmente, até que surgiu a reação das elites através da negativa do governo federal para a importação do necessário cimento em setembro de 1926. A imposição foi superada como só o vascaíno sabe fazê-lo.

   O canteiro de obras foi objeto de solenidades, como o lançamento da Pedra Fundamental, a visita da imprensa e de celebridades.

   A expectativa era enorme e dentro do complexo poli-esportivo já havia sido disponibilizada a quadra de tênis, localizada atrás do gol da ferradura, antes mesmo da inauguração.

   A 3 de abril de 1927, o estádio foi abençoado pelo Bispo Dom Mamede.

   Finalmente, a 21 de abril de 1927, com a presença do presidente Washington Luiz, foi inaugurado o Gigante da Colina.

   Para refrescar a memória vascaína e em comemoração à data do aniversário de inauguração, apresentamos o registro iconográfico do maior estádio particular do Rio de Janeiro: o Stadium Vasco da Gama.

   Parabéns Vascaíno!



















sábado, 29 de março de 2014

A PRIMEIRA VITÓRIA CONTRA O CORINTHIANS


Vasco 2 X 1 Corinthians - 14/03/1926



  Há exatos 88 anos, o Vasco enfrentou e ganhou pela primeira vez o matching amistoso contra o Corinthians pelo placard de 2 a 1. Gols de Dininho e Torterolli pelo Vasco.

  O team cruz maltino, envergando a mitológica "camisa negra", feita de louisine negra e fustão branco, atuou com os seguintes cracks: Nelson; Hespanhol e Itália; Rainha, Claudionor e Arthur; Paschoal, Torterolli, Russinho, Tatu e Dininho.

  Naquele domingo, dia 14 de março de 1926, a equipe dos Camisas Negras posou para a câmara mágica dos fotógrafos do passado, cujo registro ficou eternizado na memória vascaína!


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O VASCO NA ILHA DO ENGENHO - 1912


Há exatos 101 anos, comemorava-se a grande conquista do campeonato de remo



En Avant, de Boffil, o troféu recebido pela guarnição da yole Meteoro vencedora do páreo que
 levou o Club de Regatas Vasco da Gama à conquista do Campeonato de Remo de 1912


   Após quase 10 anos, sob a presidência do velho rower Marcilio Telles, retornava o Vasco da Gama à ilha do Engenho em comemoração pela conquista do campeonato de remo de 1912. O motivo para a festa era mais que justificado. O club já era o maior do Brasil, tendo naquele ano conquistado 19 vitórias nas 4 regatas realizadas na temporada esportiva. Além disso, suas guarnições também levantaram o pavilhão cruz-maltino em 17 grandes provas de honra, glorificando para sempre na memória vascaína o nome do Vasco da Gama!


   O convescote foi adiado por duas vezes. A primeira data a 24 de novembro foi transferida em razão do mal tempo. O segundo, designado para 1.º de dezembo, não se realizou em decorrência do luto nacional pelo falecimento da esposa do presidente da república, Hermes da Fonseca. Finalmente, após elaborada organização, o pic-nic foi realizado em 7 de dezembro, domingo.



  Conforme previsto pela comissão organizadora, a barca "Martin Affonso" partiu às 9:30h para a ilha do Engenho com aproximadamente 500 pessoas, entre sócios, atletas, familiares, convidados da federação, dos demais clubes co-irmãos e da imprensa, que fizeram questão de noticiar a realização do evento.




   Da mesma forma que nos anteriores, a comissão organizadora fez-se questão de que todas as etapas fossem contempladas com atividades para entretenimento dos convidados, com a distribuição de brindes e prêmios,  além da participação da banda militar.




   Após o lunch, servido em extensas mesas, realizou-se diversas tarefas da tradicional gincana entre os participantes da festa, saindo vencedor de uma delas o futuro presidente Raul Campos, bem como o então menino José da Silva Rocha (Rochinha), outro futuro presidente e nosso afamado historiador vascaíno, autor da obra Vasco da Gama - Histórico: 1898-1923.




   Às 17 horas da tarde, os vitoriosos vascaínos do campeonato de remo de 1912, retornavam ao Cais Pharoux.

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Vascainidades:

(1) JORNAL DO BRASIL - sexta-feira, 22 de novembro de 1912

ROWING
CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA

  Conforme repetidamente temos annunciado, realiza-se domingo na ilha do Engenho, a festa com que um grupo de associados e directores commemorará as victorias alcançadas por este valoroso centro nautico na estação sportiva deste anno.
  Os socios e convidados do Club Vasco da Gama serão transportados para a ilha do Engenho na barca "Martin Affonso" que zarpará do Caes Pharoux ás 9 horas da manhã.
  O programma organizado foi feito cuidadosamente e promette-nos uma festa brilhante, cuja lembrança perdurará longo tempo nos circulos sportivos.
  Depois de amanhã, dia da festa, publicaremos, além do programma na integra, outras informações interessantes.


(2) JORNAL DO BRASIL - domingo, 24 de novembro de 1912

ROWING
CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA
A FESTA DE HOJE

   Realiza-se hoje o pic-nic que uma comissão de socios deste Club promove em commemoração ás victorias alcançadas durante este anno.  A julgar pela procura de convites, a festa promette ser muito concorrida, não sendo para estranhar que, entre os presentes se note além das commissões de representantes officaes, imprensa, federação e clubs congeneres, também grande numero de famílias e distintos rowingmen.
   A comissão promotora da festa poz o maior cuidado na distribuição dos convites, afim de evitar certos factos muito communs em taes ocasiões, e que sempre acarretam incidentes desagradáveis.
   É assim que constituída a commissão organizadora da festa de hoje na ilha do Engenho:
   Presidente, Marcílio Telles; Secretário, Annibal Peixoto, e Thesoureiro, Claudio Veiga, sendo ainda membros os Srs.: Alberto de Carvalho e Silva, Alfredo Rebello Nunes, Raul da Silva Campos, Affonso Lopes de Oliveira, Seraphim Ribeiro, Francisco Moreira, Antonio Duarte Silva, Antonio Costa e José Maria Pinto Soares.
   O programma a que anteriormente fizemos referência é este:
   1.º numero - Luta de pés, em circulo (na barca), para homens.
   2.º numero - Corridas de saccos (na ilha), para homens.
   3.º numero - Cuidado com casca de ovos (corrida), para senhoritas e senhoras.
   4.º numero - Luta de traccção para crianças.
   5.º numero - Corridas de uma perna para homens.
   6.º numero - Agulhas (destreza), para senhoras e senhoritas.
   7.º numero - Acertar no elephante, para crianças.
   8.º numero - Corridas de tres pernas, para homens.
   9.º numero - Copo d'agua (corrida), para senhoras e senhoritas.
   10.º numero - Apanha de nozes, para crianças.
   11.º numero - Descobril-o no elephante, para homens.
   12.º numero - Cartões postaes, para senhoras e senhoritas.
   13.º numero - Corridas de crianças (em casal).
   14.º numero - Nozes (apanha) para homens.
   15.º numero - Luta de tracção para senhoras e senhoritas.
   16.º numero - Corridas de obstaculos para homens.
   A barca Martin Affonso zarpará do cáes Pharoux, ás 9 horas a. m.
- o -
   A titulo interessante publicamos as seguintes linhas, que dizem com eloquencia dos remadores do Club Vasco da Gama:
   Nas regatas deste anno conqustaram 17 primeiros logares, e 2 segundos, das quaes 8 medalhas de ouro, 9 de prata e 2 de bronze.
   Distribuem-se assim as victorias conquistadas: regata de 7 de Julho, 2 primeiros logares; de 21 de Julho, 5 primeiros logares e 1 segundo; de 25 de Agosto, 5 primeiros logares; de 13 de Outubro, 5 primeiros e 1 segundo.
   Além desrtas victorias, que o Club directamente conquistou, desvemos salientar a bella corrida que fez a "yole" Greenhalgh, tripulada por uma guarnição deste Club e que levantou a grande prova "Campeonato do Brasil", conquistado assim pela F.B.S.R.
   É deveras lisongeiro o resultado obtido pelo homogeneo corpo de remadores do Vasco da Gama, que viu o seu pavilhão triumphar 19 vezes durante as quatro regatas realizadas na estação sportiva deste anno.
  Além de vencedor de 17 grandes provas de honra, o pavilhão alvinegro deste club conta as seguintes victorias de sabida importancia.:
   É vencedor das seguintes provas classicas: "Sul America", em 1904 e 1907, com as yoles Albatroz e Albyon; "Jardim Botanico", em 1904 e 1907, com a yole Albatroz; "Conselho Municipal", com a canôa Aguia, e "Dr. Julio Furtado", em 1912, com a yole Ibis; "Campeonato do Rio de Janeiro", em 1905-1906 e 1912, com as yoles Procellaria e Meteoro.
   A sua guarnição da yole Greenhalg venceu o "Campeonato Brasil", em 1912, representando a Federação Brasileira das Sociedades de Remo.
   É este club que promove a festa de hoje, na ilha do Engenho.


(3) JORNAL DO BRASIL -  segunda-feira, 25 de novembro de 1912

ROWING
C. DE R. VASCO DA GAMA

   Por motivo do máo tempo, não se realizou hontem a grande festa na ilha do Engenho.


(4) CORREIO DA MANHÃ - domingo, 1.º de dezembro de 1912

CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA

  Em virtude do fallecimento da Exma. Sra. do Sr. Presidente da República, fica transferida para 8 de dezembro p. f. a festa que devia realisar-se hoje na Ilha do Engenho

A Comissão


(5) O IMPARCIAL, segunda-feira, 9 de dezembro de 1912

ROWING
A GRANDE FESTA DO CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA

   Realizou-se hontem na aprazível ilha do Engenho o pic-nic proporcionado por esse symphatico club aos seus socios, como homengem ás innumeras victorias alcançadas por essa digna sociedade no corrente anno.
   Ás 9 ½ horas da manhã e ponto, partiu do cáes Pharoux a barca "Martin Affonso" conduzindo approximadamente umas 500 pessoas. A viagem foi feita na mais delirante alegria, durante a qual houve dansas ao som de harmoniosa banda de musica.
   Diversas commissões compareceram a esse festejo, conseguindo o nosso representante saber das dos Fenianos, Democraticos, Gragoatá, Boqueirão, Flamengo e a Federação B. das Sociedades do Remo, representada pelo digno presidente Faria Ramos.
   Ás 10 ½ horas atracava a "Martin Affonso" á pitoresca ilha, tendo sido o desembarque feito na maior ordem.
   Conduzindo os convidados para o palacete da sra. viuva Ramos, fizeram ahi um pequeno descanso.
   Em seguida, foi servido em tres extensas mesas, armadas debaixo de copadas mangueiras, farto e saboroso lunch, no meio da mais franca intimidade.
   1.ª prova - "Luta de pés", para homens - Vencedor, sr. Carlos Dias de Carvalho. Premio: guarnição de botões para collete.
   2.ª prova - "Corridas de saccos", para homens - Vencedor, sr. Benjamin Pereira da Cunha. Premio: uma navalha para barba.
   3.ªprova - "Cuidado com as cascas de ovos", para senhoritas. Vencedora, senhorita Florianina Oliveira. Premio: um relogio-pulseira.
   4.ª prova - "Lucta de tracção", para meninos - Vencedor, partido verde, composto dos seguintes meninos: José de Souza Vinagre, José e Alberto da Silva Rocha, João Baptista de Carvalho, Ernani Moreira Val, Mario Parreiras, Humberto Ragoni e Nelson Ramos: metralhadora a cada um.
   5.ª prova - "Corrida de uma perna", para homens - vencedor: o sr. José Pereira Portugal. Premio: um tinteiro de christofle.
   6.ª prova - "Agulhas", para senhoras - Vencedoras: senhoritas Isaura Santos e Adelina Villela. Premios: duas caixas de christofle para pó de arroz.
   7.ª prova - "Corrida de tres pernas", para homens - Vencedores: Raul Campos e Jorge Lopes. Premios: uma caixa de charutos de Havana.
   8.ª prova - "Corrida de obstaculos", para homens - Vencedor: o sr. Albano Pinto da Fonseca. Premio: uma rica estatueta de prata sobre pedestal de onix.
   Prevenidos os convidados da hora do regresso, foi por esse motivo interrompido o vasto programma, deixando-se de se realizar mais oito porvas. Comtudo, procedeu-se ainda a distribuição de innumeros mimos ás senhoritas presentes.
   Ás 5 horas em ponto, fez-se na mesma ordem o reembarque dos excursionistas, trazendo esses os corações cheios de saudades por se verem privados de tão venturoso e allegre momento.
   Durante a viagem, por delicada generosidade do sr. Claudino Veiga, thesoureiro da comissão de festejos, foi aos representantes dos jornaes offerecido o sorteio de uma bengala, "chic" e com castão de prata, e a sorte, como em tudo, deitou seus olhares magnanimos para o nosso collega Alfredo Foord, que de posse do premio lá se foi muito contente.
   Os srs. Marcilio Telles, Francisco Carvalho Silva, Annibal Peixoto e Alberto de Carvalho e Silva, presidente, director de regatas, representante da Federação e membro da commissão de festejos, resctivamente, foram de extrema bondade para com o nosso representante e ás 6 horas dava-se a festa concluida, atracando a barca ao cáes debaixo de salvas e estrepitosos vivas ao sympathico club.


*texto originalmente publicado em 07/12/2013 - 10h37m no semprevasco.com