Há 84 anos, a equipe de futebol embarcava para a primeira turnée de um clube carioca à Europa
Sant'Anna, Fernando Giudice (do Fluminense F. C.), Mario Mattos, Carvalho Leite (do Botafogo F.C.), Jaguaré,
Tinoco, 84, Fausto, Molla e Bahianinho, todos devidamente uniformizados no momento do embarque
no Arlanza, a 7 de junho de 1931 (Acervo: AlmanakdoVasco - Edição Digital: Memória Vascaína)
Pioneirismo Vascaíno
Em 1931, a "Era de Ouro" do futebol amador já começava a dar mostras de que não duraria muito mais tempo entre os grandes clubes do Rio de Janeiro.
O Vasco da Gama já era o maior clube do Brasil com seu magnífico Stadium; com uma equipe que conquistara o campeonato carioca 1929 e que pouco antes da excursão havia promovido a goleada histórica de 7 a 0 sobre o Flamengo; com poderosas guarnições e uma fantástica flotilha que o tornara o maior clube campeão de regatas da cidade; além de ser possuidor do maior quadro social dentre todos os demais.
Mario Mattos no 7 a 0 sobre o Flamengo
26 de abril de 1931
26 de abril de 1931
Na Europa, o jornal espanhol Mundo Deportivo especulava ter o Vasco cerca de seis mil sócios e seu estádio capacidade para oitenta mil espectadores. Os números não eram estes, mas já transmitiam aos europeus a grandeza do "Nosso Vasco". Essa grandeza foi evidenciada de tal forma que a equipe que fez o périplo por Portugal e Espanha ganhou a revanche na segunda partida que jogou contra o já então poderoso Barcelona por 2 a 1.
A turnée pela Europa, ou como se denominava à época, a Embaixada Vascaína, era um caminho natural que o clube comandado pelo grande presidente Raul Campos havia de perseguir.
Na passagem desses 84 anos da incrível excursão, relembramos para a memória vascaína mais esse exemplo de pioneirismo e superação que é o nosso Club de Regatas Vasco da Gama.
Charge do jornal Dário da Noite
A Preparação e o Embarque
O clube sofreu vários percalços para a realização da empreitada. A falta de datas disponíveis entre a interrupção do campeonato carioca em junho e a realização do campeonato brasileiro de seleções estaduais entre agosto e setembro de 1931; o pedido de licença à AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Athleticos); e a cessão de jogadores do Fluminense (Fernando Giudice) e do Botafogo (Nilo e Carlos Leite) para participar da excursão como representantes da cidade, foram fatos relevantes para a viabilidade da excursão, como noticiava o jornal A Esquerda, no dia 30 de maio de 1931:
A ida do Vasco da Gama á Europa
Desde que o Vasco da Gama projectou levar a effeito uma excursão á Europa, com seu quadro principal de football reforçado de alguns elementos de destaque de conjuntos de outros clubs, começaram as pessôas interessadas pela sorte do football carioca a se impressionar com os effeitos da ausencia quasi certa desses excellentes footballers, no seleccionado que terá de defender as côres da cidade, no campeonato brasileiro.
Marcada, agora, a partida da delegação vascaina, essa impressão transformou-se naturalmente em temor justificavel, ante o prejuizo fatal que acarretaria o desfalque da representação carioca.
Chegou-se mesmo a indagar, como permittiriam as autoridades sportivas a realização dessa viagem do Vasco da Gama, nas condições apontadas?
Certamente que os interesses da Associação Metropolitana não poderiam ser preteridos pelos de qualquer de seus filiados, por mais respeitaveis que fossem.
Attendendo a essas circunstancias o Vasco da Gama traçou um progamma, que lhe permite estar de regresso a esta capital, ainda a tempo, dos players que vão integrando sua delegação poderem fazer parte do seleccionado carioca.
Podemos, assim, ficar todos descançados, que a excursão do valoroso gremio da Cruz de Malta ao Velho Mundo não comprometterá a efficiência do quadro metropolitano, que terá de defender as côres da cidade no campeonato brasileiro de football." (grafia original da época)
A circunstância era a tal ponto adaptada que no dia do embarque no navio Arlanza, o Vasco ainda jogou e venceu o Bangu por 1 a 0, gol de Waldemar.
Vasco 1 x O Bangu - horas antes do embarque
Formada a delegação no cais da Alfândega da Praça Mauá, contando inclusive com a presença do futuro presidente do Vasco, nosso saudoso historiador vascaíno Rochinha (José da Silva Rocha), este na curiosa função de enviado especial do jornal "A Noite", finalmente às 18 horas o Arlanza levantou âncora, zarpando com a primeira Embaixada Vascaína ao Velho Mundo!
Sensacional!!
ResponderExcluireste ano vou escrever sobre este episodio em comemoracao aos 85 anos
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