Sozinho, o Club de Regatas Vasco da Gama promoveu sua própria campanha no esforço de Defesa Nacional em tempos de Guerra!
Batismo do Avião Vasco da Gama, pelo paraninfo da cerimônia,
Joaquim Fagundes Leal, a 10 de dezembro de 1942
A história é conhecida de todos! Após o oferecimento de um poderoso telescópio pelo saudoso Joaquim Pereira Ramos à Marinha Brasileira, e da participação vascaína na campanha do pró-avião Pax, Cyro Aranha começou uma empreitada exclusivamente vascaína para a doação de um avião às nossas Forças Armadas. Seria o Avião Vasco da Gama.
Para isso criou-se a comissão da qual participaram o Professor Castro Filho, Eurico Serzedelo, Rufino Ferreira, Arthur da Fonseca Soares (Cordinha), Lauro da Costa Rebelo, Bernadino Buentes, José Teixeira, Moacyr Siqueira Queiroz, José Ribeiro de Paiva (Almirante) e João Lamosa.
Presidiu a comissão o "Almirante" que contando ainda com a ajuda dos grandes vascaínos "Cordinha" e Lamosa, providenciaram a confecção de distintivos de lapela com a inscrição "Avião Vasco da Gama", ofertada aos contribuintes. Ao cabo de 20 dias a meta da arrecadação já havia sido ultrapassada.
Distintivo da campanha pró-avião Vasco da Gama
A cerimônia de entrega do avião à FAB foi realizada no estádio São Januário, a 10 de dezembro de 1942, na preliminar da final do campeonato brasileiro de seleções, disputada entre o Distrito Federal e São Paulo.
Participaram do evento de entrega o dr. Pedro Calmon, que por designação do Ministro da Aeronáutica, recebeu a doação em favor do Aeroclube de Salvador-BA para a instrução de novos pilotos, bem como do paraninfo e vascaíno de longa data, Joaquim Fagundes Leal que batizou a aeronave.
José da Silva Rocha (Rochinha), ex-presidente e emérito historiador vascaíno, deixou registrado em artigo publicado no jornal A Noite, o relato emocionado do Professor Castro Filho acerca desse precioso evento:
"Eu me sentia desligado daquela praça verde, palco de lutas desportivas gigantescas. O meu pensamento vagueava por outras paragens: o campo de lutas sangrentas e irreparáveis em que, naquela hora, por certo, preliavam, como heróis, muitos dos nossos atletas, tantos dos moços que ali receberam as primeiras lições de coragem e de civismo. O meu olhar turvado de lágrimas, estava preso aos graciosos movimentos do Pavilhão Nacional do grande mastro. Parecia-me ver nesse ondular de verde e ouro o aceno protetor e amigo do reconhecimento; eu via a Bandeira do Brasil a acenar para todos, como se lhes dissesse comovida: - Obrigada, Vasco, muito obrigada vascaínos; Deus vos conserve esse grande, esse imenso coração!"
*Texto e fotos: Equipe do Centro de Memória do Club de Regatas Vasco da Gama
** O avião doado pelo clube era um L-4H-PI Piper Grasshoper. Atualmente o Museu da Aeronáutica possui um modelo igual ao doado pelo Vasco que vemos na foto abaixo, de autoria de Alexandre Galante para o site Poder Aéreo: